Igreja Metodista – 4ª Região Eclesiástica
Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres – João 8.36.
Em 13/05/1888, a Lei Áurea se fez executada, e todo o povo negro foi liberto do regime escravocrata, o qual vivenciava o Brasil. Princesa Isabel, na sua condição de monarca regente, assina a tal lei em meio às pressões de latifundiários, empresários e financistas da época, pois ela também sabia, que negros “libertos”, na realidade daquele Brasil, seriam mais rentáveis a estes que a pressionavam, e até para a corte seria melhor. Vale a pena dizer que o Brasil foi o último país a abolir a escravatura e ainda assim, a fez muito mal. Fato marcante é que no dia seguinte, aqueles negros voltaram para os cafezais, terreiros e canaviais, para plantar, cuidar e colher, sendo eles, ainda muito mais explorados. O que à princípio podemos afirmar, é que Isabel não era nada boazinha como alguns dizem, os escravocratas não fizeram favor nenhum, a abolição é um processo inacabado e há mais de 135 anos, negros e negras, têm sido vítimas em todos os níveis e classes da atual sociedade, vivendo sempre em meio às desconfianças, os olhares e a perseguição alheia. E aí questionamos: comemorar o que em treze de maio?
O texto de João 8.36, nos traz a reflexão de um tempo muito semelhante, onde havia um povo presunçoso, arrogante, soberbo que escravizava pessoas e famílias, entendendo que aquela realidade era normal. Uma vez que as palavras de Jesus estão contra toda maldade humana, e é o próprio Jesus quem deseja levar esse povo escravocrata à uma experiência com Ele, e transformar vidas. Vale ressaltar que Jesus também nos leva a pensar que os escravocratas são escravos de si, de toda maldade, preconceito, menosprezo e racismo, os quais praticam contra aqueles que eles (os escravocratas), subjugavam e maldosamente classificavam. Podemos até dizer que, neste caso, há o hoje chamado Racismo Estrutural.
Em 1760, o movimento Metodista na Inglaterra, se posicionava veementemente contra todo tipo de exploração e escravidão humana. Assim sendo, John Wesley e os seus balançaram aquele país. 1830, Itália, Inglaterra, Portugal, França, Bélgica e Espanha, invadiram o continente Africano, aculturando cada país como desejavam, sobretudo, desejosos de embranquecer o continente, exploravam pessoas em todos as áreas, assim também a terra, e desta forma, se tornaram pessoa e países mais ricos. Em 1930, Hitler, trouxe a ideologia da raça ariana. Por meio desta ideologia muitos morreram, inclusive, muitas famílias negras. Em 1960, o Pastor Batista, Martin Luther King, dizia que o povo negro deveria ser respeitado, e com esse propósito, agregou pessoas de todas as classes Estadunidenses. No Brasil, por sua vez, a cada 10 pessoas assassinadas, 7 são negras. As batidas policiais, majoritariamente, acontecem em negros. Poucos são os brancos presos por engano! E quando um negro é diplomado, promovido, eleito ou tido como vencedor, é aplaudido sob muitos olhares questionadores. Treze de maio? Comemora-se o que? Que libertação foi essa?
Jesus por sua vez, volta a nos ensinar, e nos marcar, quando em João 8.32, nos chama a conhecer a verdade e afirma que essa verdade sim, traz liberdade. Jesus fala de si, e nos convida a aprender Dele e com Ele. Pois Ele é a Esperança de dias melhores. Ele é a Motivação que precisamos para viver nestes melhores dias. Mas, Ele é a expressão de Respeito que precisamos para vivermos e convivermos bem com os outros, principalmente, com aqueles que dizemos ser diferentes. Assim, como Ele é a expressão de Amor e Solidariedade, a qual precisamos para com o convívio com as pessoas. Sobretudo, o chamado de Jesus nos impacta com a vivacidade da dignidade humana o que, de fato, traz todo esse conjunto de princípios, o qual, o dia treze de maio nunca abarcou na sua instauração.
Que o tão dito Treze de maio, seja marcado pela reflexão da busca de uma humanidade segundo a que Jesus nos ensinou e nos chamou a ser. E que essa consciência não seja apenas negra, mas, que seja humana e humanitária.
Deus nos abençoe e nos una a Ele, nos fazendo de fato, UM POVO!
Grande Abraço,
Pr. Ozéas da Silva Alvarenga.
Secretário Regional de Igualdade Racial – 4ª R.E